Há quase um ano após a chacina ocorrida na comunidade do Divino Espírito, no Rio Ouro Preto, onde Valmerin Nogueira Costa, 21 anos, ceifou a vida de cinco pessoas da mesma família, entre elas três crianças, foi ao júri popular nesta quarta-feira (14) e condenado pelos crimes cometidos. O crime chocou o município no ano passado e ganhou repercussão a nível nacional.
Policiais militares reforçaram a segurança no Fórum e
para adentrar ao plenário era necessário passar pelo
detector
Desde às 8h30min deu início o julgamento de Valmerin, na sede da Comarca de Guajará-Mirim, com intervalos e para o almoço, a acusação foi realizada pelo promotor de justiça, Matheus Gonçalves Sobral e a defesa foi feita pelo defensor público, José Alberto Oliveira de Paula Machado. A condenação para cada vítima: Francisco Carlos Pereira Alves, 25 anos, popularmente conhecido por Curiando; Cristiane Garcia de Souza, de 28 anos; e as filhas Alzira de Souza Pereira, de aproximadamente 2 anos de idade, Alzenira Souza Pereira, de 4 anos e Carla Cristina de Souza Pereira, de 6 anos. Foi o que decidiu o conselho de sentença, formado por sete jurados, depois de responder aos quesitos apresentados pela juíza Paula Silva da Costa Brandão. O veredito foi lido pela magistrada, às 17h, no plenário do Tribunal do Júri a pena atribuída a Valmerin é de 65 anos de reclusão. O condenado voltou a Casa de Detenção de Guajará-Mirim, onde já cumpre pena.
O crime (matéria postada em 2010)
A tragédia aconteceu por volta das 16h do dia 09 de outubro de 2010 quando a família de Francisco Carlos Pereira Alves, 25 anos, conhecido por “Curiando” se divertia em uma praia no Rio Ouro Preto. De acordo com relatos de Valmerin Nogueira Costa, a vítima havia flagrado o mesmo com a sua esposa, Cristiane Garcia de Souza, 28 anos, afirmando que ambos eram amantes há cerca de 2 anos. Como Valmerin vivia na mesma casa com a família, retornaram na mesma embarcação até a residência. O jovem afirma que “Curiando” o obrigou a pilotar o barco, chegando a jogá-lo contra o motor o que lhe causou algumas queimaduras pelo corpo. Valmerin largou o barco e correu para dentro da casa, onde pegou duas armas de fogo, uma delas a espingarda calibre 16 e montou uma “arapuca” para matar a Francisco.
Cerca de mil metros da casa, “Curiando” foi atingido com um balaço no peito que também atingiu o rosto da filha Alzira de Souza Pereira, que completaria 2 anos no próximo dia 15. Cristiane Garcia ao ver a cena ainda tentou fugir e se esconder com suas outras duas filhas, dentro de um sapezal, mas foi golpeada acima do peito. Segundo o acusado, as duas filhas caíram sobre o corpo da mãe, e alegando que foi possuído por uma força do mal atingiu com coronhadas Alzenira Souza Pereira, 4 anos, que apresentou um braço quebrado e afundamento craniano e Carla Cristina de Souza Pereira, 6 anos, apresentava hematomas pelo corpo e estava com a calcinha arriada na altura do joelho, o que levou a Polícia suspeitar do cometimento de um outro crime.
Valmerin disse que ao ver “Curiando” agonizando deu cinco facadas em seu peito. A faca e um cartucho calibre 16, intacto, foi encontrado nas proximidades do corpo.
Tragédia é descoberta
Um vizinho próximo a residência descobriu as mortes porque Valmerin o visitou por volta das 23h40min daquele sábado, para pedir carne, mas lhe foi oferecido um pedaço de peixe, porém, recusou e ao se despedir o mesmo passou a chorar, quando indagado do porque do choro, o mesmo afirmou que havia matado “Curiando” e toda sua família. Não acreditando na conversa do rapaz que vivia junto àquela família, foi então que se reuniu amigos e seguiram até a casa, chegando lá depararam-se com o corpo de Francisco e de sua filha caídos ao solo.
Moradores da localidade ficaram indignados e se deslocaram até a cidade, cerca de 5 horas, com acesso por terra e seguindo por embarcação. Na 1ª Delegacia de Polícia Civil relataram os dois crimes, já que não haviam encontrado os corpos de Cristiane e das meninas, revelaram também o nome do acusado.
Averiguação dos fatos, localização dos corpos e prisão do acusado.Policiais civis, militares e perícia técnica acompanhados de moradores conseguiram chegar a residência na comunidade Divino Espírito Santo por volta das 00h, de do dia 11, iniciando de imediato os trabalhos periciais. Na manhã um forte odor nas proximidades chamou a atenção dos policiais que não conseguiam localizar o corpo de Cristiane e das duas meninas. Após buscas, foram encontrados os corpos das crianças e da mãe. Os cinco cadáveres já em estado avançado de decomposição foram trazidos pelos policiais até a área urbana do município, seguindo diretamente ao Cemitério Santa Cruz, onde por volta das 21h foi realizada a necropsia nos mesmos.
Valmerin Nogueira Costa foi preso por policiais do Serviço de Investigação e Captura, com apoio do Núcleo de Inteligência do 6º BPM, na estrada do Ouro Preto. Segundo fontes, os policiais chegaram à residência de uma tia do acusado, que negou saber o paradeiro do mesmo, mas por volta das 15h do dia 11, segunda-feira, ele foi preso e conduzido para a Delegacia de Polícia Civil. Valmerin disse que matou porque estava sob efeito de bebida alcoólica e que havia recebido ameaça de Francisco que descobriu seu relacionamento amoroso com Cristiane. “Curiando disse que já sabia de tudo, pois a mulher confessou a traição, ele me obrigou a pilotar e ainda disse que eu iria dormir, mas não garantiu que eu acordasse. Então me aprecei e cheguei primeiro em casa e os aguardei. Cristiane ainda tentou fugir, mas eu disse que ela deveria morrer, pois foi à causadora de tudo isso”, confessou o assassino.